terça-feira, 31 de agosto de 2010

Autogestão e Autodefensoria: caminhos para Ser e Conviver

Falar em autogestão e autodefensoria como caminhos para ser e conviver, traz à minha memória fragmentos do filme 300, tão divulgado pela mídia, que elucida com precisão em sua parte introdutória, um processo de iniciação, onde crianças eram submetidas a testes de sobrevivência, prática essa corriqueira entre os espartanos, que revelava a coragem e a força de crianças que desde o ventre de suas mães, eram escolhidas para exercerem a sublime arte de proteger a polis; a cidade.

Os meninos andavam descalços, para criar resistência no solado dos pés; vestiam a mesma roupa durante um ano, a fim de suportar o frio e o calor e eram chicotedas em praças públias, visando revelar tolerância à dor. Essas práticas, certamente não encarada por nós com bons olhos, exprimiam para os espartanos que a criança era guerreira e estava pronta para proteger-se e auto conduzir-se na vida.

E nós? O que temos oferecido às nossas crianças? O que desejamos que elas sejam amanhã? Será que elas sobreviverão à essa selva de pedra, na qual denominamos de mundo? O que temos feito, enquanto condutores da criança para que ela assuma sua vida com determinação, garra e autonomia?

Esse é o lado bom da história dos espartanos. Instigavam suas crianças a serem independentes, defensoras, confiantes e corajosas. Já os portadores de necessidades especiais não eram bem vistos pela sociedade. Eram considerados impecilhos à sobrevivência do grupo. Os recém-nascidos frágeis, doentes ou deficientes eram lançados num abismo de mais de 2.400 metros de altitude, pois não poderiam viver aqueles cujos corpos fossem considerados inadequados para a guerra.

Somente os que tinham corpos saudáveis e se mostravam equilibrados tinha vez e espaço na sociedade. Os deficientes eram desprezados; excluídos, pois não podiam se defender e nem tão pouco defender a cidade. Daí porque eram dispensáveis. Em questões de conflitos armados seriam um peso; um fardo.

Essa visão de incapacidade, de dependência e iunutilidade precisa ser desconstruída. Não podemos mais conceber a idéia de que a deficiência é sinônimo de anormalidade. Até porque o conceito de normalidade é complexo e bastante contraditório. Se o analisarmos em sua profundidade haveremos de concluir que todos nós somos portadores de necessidades. Temos nossas limitações; precisamos ser aceitos; somos carentes de amor e atenção; queremos fazer valer nossos direitos; queremos nosso espaço na sociedade e queremos autonomia para gerir a nossa existência.

Essa não é uma luta apenas dos portadores de necessidades especiais – É uma luta do gênero humano, pois já disse Mario quintana que:

Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida,
aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive,
sem ter consciência de que é dono do seu destino. 
( Mário Quintana)

Quem é o verdadeiro deficiente?
"Se você deixa de ver a pessoa, vendo apenas a deficiência quem é o cego? Se você deixa de ouvir o grito do seu irmão para a justiça, quem é o surdo? Se você não pode comunicar-se com sua irmã e a separa, quem é o mudo? Se sua mente não permite que seu coração alcance seu vizinho, quem é o deficiente mental? Se você não se levanta para defender os direitos de todos, quem é o aleijado? A atitude para com as pessoas deficientes pode ser nossa maior deficiência". ( Extraído)

Nessa ótica, a deficiência não está no corpo ou na mente, mas no coração. E essa é a pior das deficiências, pois como bem já disse o rei Salomão: “assim como você imagina a sua alma, você é”. ( Pv. 23:7). Qual é a visão que você tem de si mesmo? Qual é a visão que você tem da sua deficiência? Acredito que tudo depende da forma que vemos as coisas, pois já disse Jesus que “ Se os teus olhos forem bons o teu corpo é bom, mas se os teus olhos forem maus o teu corpo é mau”(Mt.6:22-23).

“Não são as deficiências que paralisam a vida,
mas a visão que temos de nossas deficiências que nos fazem desistir da vida”.


Se sua visão de vida for saudável, apesar de suas deficiências, então você não tem deficiências, mas desafios. Desafios que você mesmo pode enfrentar; gigantes que você mesmo poderá derrubar; desertos que você mesmo pode atravessar; tempestades que você mesmo poderá suportar, pois você pode e deve gerir a vida dentro de suas limitações.

“ Tudo quanto te vier às mãos para fazer, faze-o conforme as tuas forças.
(Ec. 9:10)

Somos capazes! Capazes de se impor no mundo; de expressar seus sentimentos e desejos; de arriscar e lutar por aquilo que almeja e acredita;de tomar decisões a respeito de seu próprio destino, de assumir responsabilidades; de amar e de ser amado; de superar s limites; de escrever sua própria história.

"Não é a lei que vai proteger o portador de necessidades especiais. É a consciência! Consciência que é acima de tudo, um portador de direitos! Direito a ter uma identidade pessoal; direito a ser gente como agente; direito de ser diferente; direito de ingressar no mercado de trabalho; direito de exercer suas habilidades; direito de ser ouvido; direito constituir família;direito à igualdade de oportunidades; direito de sonhar e de ser feliz e principalmente, o direito de conviver. Já disse M. Luther King que:

"Aprendemos a voar como pássaros e a nadar como peixes,
mas não aprendemos a conviver como irmãos."

Conviver com os diferentes é uma arte! É uma missão árdua que precisa ser encarada como uma necessidade humana, pois o homem só pode aperfeiçaoar-se em contato com o outro. E o outro, não sou eu e eu não sou o outro.Ninguém é igual a ninguém. Temos nomes diferentes; famílias diferentes; feições diferentes; hábitos diferentes; reações diferentes; deficiências diferentes. A questão não é a diferença em si, mas as construções; as conjecturas que se fazem sobre ela, que a torna indesejável, insuportável. Por exemplo: Vai dá trabalho,é pesado demais para mim, não sei como lidar com a situação, não vou suportar; não tenho tempo suficiente para dispensar; não vai mudar; a tendência é piorar; minha vida vai ser comprometida; vou ficar cativa da situação...

A história de um soldado no Vietnã retrata muito bem essa situação de construir conjecturas preconceituosas e excludentes acerca do outro.

"Ele era um soldado que estava no Vietnã e que finalmente estava voltando para a casa. Ele ligou para os seus pais, que moravam em São Francisco, dizendo:
- Pai, Mãe, eu estou voltando para a casa. Só que eu tenho um favor a pedir a vocês: Eu tenho um amigo que eu gostaria de levá-lo comigo.- Claro! - Eles responderam - Nós adoraríamos conhecê-lo.- É, só que há algo que vocês precisam saber. - Continuou o Filho - Ele foi terrivelmente ferido na batalha. Pisou em uma mina e perdeu uma perna e um braço, e não tem nem um lugar para ele morar, por isso eu quero que ele venha viver conosco.- Meu filho, eu sinto muito em ouvir isso, mas talvez possamos ajudar ele a encontrar algum lugar para ele morar, mas conosco fica muito difícil.- Não, mãe, eu quero que ele venha morar conosco meu pai.- Filho, - disse o pai - você não sabe o que está nos pedindo. Alguém com tanta dificuldade seria um grande fardo para nós. Nós temos nossas próprias vidas e não podemos deixar que uma coisa como esta interfira em nosso modo de viver. Acho que você deveria voltar para casa e esquecer desse rapaz. Ele encontrará uma maneira de viver por si mesmo.
Neste exato momento, o filho bateu o telefone. Os pais não ouviram mais nem uma palavra dele. Alguns dias após, no entanto, eles receberam um telefonema de São Francisco. O filho deles havia morrido depois de ter caído de um prédio. A polícia acreditava em suicídio. Os pais, angustiados, voaram para São Francisco e foram levados para o necrotério, a fim de identificar o corpo do filho e eles o reconheceram. Só que para o seu horror, descobriram algo que desconheciam: o filho tinha apenas um braço e uma perna. Os outros ele havia perdido na guerraAchamos fácil amar aqueles que nos são bonitos, divertidos, ou que fazem sempre o que nos agrada. Não gostamos das pessoas que nos incomodam ou que fazem nos sentir desconfortáveis. De preferência, nos afastamos destas pessoas e de outras pessoas que não julgamos saudáveis, bonitas ou que não fazem aquilo que achamos que é o correto.".( Extraído)

Somente aqueles que tem uma visão correta de si mesmos; aqueles que se aceitam; que se amam;que se colocam no lugar do outro, que se valorizam são capazes de amar, aceitar e valorizar e sentir o que os outros sentem. Para se conhecer verdadeiramente a capaciadade de uma pessoa com deficiência apenas dê à ela uma oportunidade, porque o caminho para “ser e conviver” esta dentro de cada um de nós!

CONCLUSÃO
É hora de quebrar o silêncio! É tempo de sair dos bastidores! É o momento de trocar de papéis. Depois de séculos aprisionados no anonimato e acorrentados pelas algemas da exclusão os portadores de necessidades especiais devem se pronunciar e mostrar o seu verdadeiro lugar na sociedade – CIDADÃO. Devem deixar as arquibancadas estreiar nos palcos e brilhar como estrelas que são. Devem se despir das vestes de coadjuvante e se revestir de protagonista da própria vida.



domingo, 30 de maio de 2010

Quando a família é Abandonada

1 Timóteo 5:8

Ao longo da história a família vem sofrendo grandes embates. Nunca se ouviu falar de tantas tragédias no seio famíliar com em nossos dias. São maus tratos, violência doméstica, pedofilia, estupros, prostituição, adultério, crise financeira, conjugal, emocional, psicilógica etc. Males que vem devastando lares; rompendo relacionamentos e corrompendo a sociedade.

É a família se auto-destruindo; degradando-se gradativamente. Vivenciando dias difíceis; fragilizada por falta de investimentos e manutenção. Totalmente desprezada pelos seus. Produzindo uma geração alienada e destituída de valores.

A família é a fonte da prosperidade e da desgraça dos povos.
(Martinho Lutero)

Geração que não respeita limites; que não reconhece autoridade; que despreza conselhos; que não se permite conduzir; que desconhece a arte de amar; que age com agressividade; que ignora instituições e rejeita toda e qualquer princípio regulamentador.

A sociedade que vivemos é reflexo da família. É fruto do abandono dos seus membros. É fruto da negligência daqueles que a constiui. A bíblia está cheia de relatos de famílias que se descuidaram; que não primaram pelas orientações de Deus; que buscaram viver aleatoriamente; que foram completamente desprezadas por seus membros:

o Elí, por exemplo descuidou-se na educação de seus filhos. Perdeu a autoridade.Não os disciplinou, não estabeleceu limites. Deixou-os de escanteio. Não lhes ensinou a thorá; não os levou a ter experiências com Deus – Resultado: filhos rebeldes; não tementes a Deus; insubordinados; desgovernados; motovo de vergonha para seus genitores.

o Davi, que se eximiu da paternidade. Sempre estava ocupado; envolvido com as questões do reino; não dava atenção devida aos seus filhos. Resultado: filhos carentes; que fazem as maiores loucuras para irritar os pais, a fim de serem percebidos, reconhecidos; filhos destituídos de afetividade, que nutrem no coração forte sentimento de vingança, como Absalão.

o Assuero, que tinha sua mulher como um troféu. A rainha Vasti era apenas uma figura representativa em sua vida; era uma mulher objeto; que cumpria seus desejos; que obedecia regras, porém desprovida de amor; de carinho e do trato que é devido a uma esposa. Resultado: Mulher richosa; amarga; insatisfeita; que sem sente usada e não amada; revoltada por não ser tratada como sujeito; como alguém portadora de sentimentos e desejos.

o Jezabel, que fazia de Acabe um fantoche. Mulher de temperamento forte; manipuladora; sabia como seduzir seu marido para lhe arrancar o que lhe era conveniente; que usava de estratégias malígnas para alcançar seus obletivos e controlar o reino. Resultado: Homem passivo, fraco,conduzido, dependente, incapaz de tomar decisões e que não consegue governar nem a sua casa e nem tão pouco o reino.

Esses são exemplos de famílias fora dos parâmetros estabelecidos por Deus. A negligências dos papeis é a razão maior do desnorteamento de milhares de lares. Cada membro tem sua função no lar. Quando as responsabilidades dos membros da família são desrespeitados, a família entra em colapso; em crise. Seus membros adoecem e fazem adoecer outros. Além de assumir papeis que não lhe são inerentes, dando assim, os primeiros passos para o desequilíbrio como fruto do abandono de deveres.

Além desse desequilíbrio orindo do não cumprimento de papeis, também é preceptível um desequilíbrio emocional. Na maioria das vezes os membros da família estão muito vulneráveis no campo das emoções; é uma área esquecida dizem os psiquiatras. Há uma agressividade injustificada; um tom de voz ríspido; um tocar violento; um virar de costas; um olhar de desprezo; mau humor constante; são evidências de que a família não vai bem. Os sintomas já sinalizam agravamento.

Nesse contexto não há diálogo; conversa. Todos assumem uma postura de isolamento. Há um abandono da coletividade; da harmonia. Ninguém se encontra. Todos se evitam.São ilhas cercadas pela indiferança. “são reféns do passado, do medo da insegurança e da hipersensibilidade. Nunca copnseguem construir um oásis nos desertos que atravessam”. ( Augusto Cury).

É preciso administrar com extrema habilidade nossos pensamentos e emoções. Não sofra antecipadamente; não transfira seu sofrimento, antes compartilhe-o. Não seja um multiplicador de irritabilidade e tensão. Mesmo em meio ao sofrimento, tenha ânimo para cuidar dos seus. Crie um clima de cuidado mútuo e solidariedade a fim de que todos os seus se envolvam nessa relação de comunhão. JUNTOS NOSSA FAMÍLIA É MELHOR!

Outro abandono muito perceptível na família é a cumplicidade. É preciso restaurar os vínculos da confiabilidade. Vivemos em um mundo em que não se pode mais confiar nas pessoas. A vida de muitos é um poço de mistérios; vivem em verdadeiras armaduras.; estão fechados em si mesmos. É mais fácil confiar em alguém fora do que dentro da família. Esse é um indicador horrendo. Acredito que os nossos melhores amigos deveriam estar dentro de casa e não do lado de fora.

É essa convivência superficial que tem inpedido que as raízes da intimidade se aprofundem em nossos corações. A Família deveria assegurar ao membro o direito de se sentir seguro; protegido. Às vezes, a irresponsabilidade, promessas não cumpridas, o não levar a sério assuntos relevantes, as críticas destrutivas, rejeição tem levado os membros da família a viverem instáveis, inseguros em relação aos outros.

Quando vivemos num lar de cumplicidade, é perceptível a entrega; a afinidade; a consideração entre os membros da família; o apoiar o outro em suas decisões, sem tentar interferir em suas idéias, ou crenças, aceitar os limites do outro, saber ouvir o que o outro tem a dizer, mesmo que você não concorde, para que o outro possa lhe ouvir também, dividir o espaço sem romper seus limites, trocar experiência e não competir entre si. Essa é a vida em família que Deus deseja que vivamos!

Conclusão: Abandonar a família implica em abandonar a nós mesmos. É preciso nos despertar da nossa negligência e perceber o real valor da família na construção da nossa identidade e no equilíbrio da vida em sociedade. Se quisermos hoje, podemos retomar nossos papeis na família; buscar um equilíbrio emocional nas nossas relações e cultivar a harmonia do lar, para que a nossa família não deixe nenhuma porta aberta para que o inimigo aja em áreas que estão completamente abandonadas em nossa casa.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O ATO PSICANALÍTICO

A mente humana é um grande labirinto ainda não percorrido totalmente pela ciência. È uma área que se descobre e se faz descobrir gradualmente. Desbravar o consciente não é uma missão tão complexa, mas ouvir o inconsciente é uma arte; um desafio a ser encarado.

Arte que se operacionaliza com técnicas e metodologias específicas. Que acontece na espontaneidade (livre associação de idéias) e tem como fundamentação a aliança terapêutica (relação existente entre analista e analisando).

No ato psicanalítico, quando se ouve o analisando, é preciso dispensar atenção uniformemente flutuante para o ego em suas variadas formas de manifestações, visando o estabelecimento de relações existentes entre o material produzido nas análises e os antecedentes inconscientes.

Toda a atenção é relevante! Durante o processo, o analisando poderá ter insights ou cometer atos falhos que possam produzir informações que venham esclarecer seu atual quadro clínico. As pontuações, nesse momento, se tornam relevantes, pois levam o analisando a refletir suas respostas, reorganizar suas idéias e encontrar saídas para o problema que o assola. Vale salientar que qualquer intervenção deve levar em consideração a escolha do “momento ótimo”.

Quanto às transferências, no ato psicanalítico, são atitudes, sentimentos e fantasias que emergem do inconsciente e que servem de instrumentos valiosos em detectar traumas, frustrações, castrações ou qualquer outra situação que marcou um determinado período da vida do analisando. Embora indispensável para a cura, no início produz sofrimento.

É salutar também, que o analista tenha muito cuidado em fazer qualquer tipo de interpretação. È recomendável que ele ouça o analisando, cuidadosamente, a fim de juntar todas as peças do quebra-cabeça. Emitir qualquer tipo de juízo precipitadamente, poderá prejudicar completamente o ato psicanalítico.

Já as contratransferências correspondem a um tipo de impacto sofrido pelo analista frente aos afetos do analisando. Aqui todo o cuidado é pouco. Se o analista se identifica ou se deixa envolver com o problema do analisando é preciso ter muito equilíbrio para não ir além do que se pretende. Nesse caso, o analista precisa manter autocontrole, canalizar bem suas energias, se auto-analisar, sublimar e elaborar e resignificar para não prejudicar ou tornar inviável o trabalhar com o paciente.

Um outro fator que se deve levar em consideração no ato psicanalítico são os mecanismos de defesas. Eles forjam ou moqueiam completamente a realidade vivenciada pelo analisando. Negação, projeção, introjeção, repressão, formação reativa, mecanismos secundários, racionalização são apenas dispositivos utilizados pelo analisando a fim de proteger o ego.

Todas as vezes que o indivíduo se sente ameaçado ele passa a se defender para não encarar situações que não venham lhe causar dor, sofrimento. As resistências nunca desaparecem; devem ser persistentemente analisadas até o fim de toda e qualquer análise.

Em suma, o ato psicanalítico é sistemático e dinâmico em sua operacionalização. O olhar do analista sempre deve estar voltado para o Ego, pois o principal papel da psicanálise é mantê-lo equilibrado; fortalece-lo das determinações do id e das proibições do superego. Essa não é uma tarefa muito fácil. Requer do analista muita habilidade no ouvir para fazer pontuações acertadas; atenção nos insights e atos falhos para descobrir novos fatos ou fatos contraditórios; coerência nas interpretações das transferências, para evitar qualquer tipo de juízo precipitado; cautela nas contratransparências, a fim de sublimar , elaborar e resignificar o momento de sua vida que foi evocado mediante contato com o paciente, para que o ato psicanalítico não seja descaracterizado em sua essência.

O Ato psicanalítico nada mais é do que uma maneira eficaz e inteligente que conduz os indivíduos ao encontro de si mesmos.

REFERÊNCIAS

CERQUEIRA. Yvone Matos. Fundamentos de Teoria da Técnica Psicanalítica. SEPHIA, Feira de Santana, 2008.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Superando as Amarguras

Texto: Ex. 15:23-27

O contexto do texto, nos propicia informações salutares para a compreensão do texto. Segundo informações internas, o povo hebreu havia deixado o Egito, onde passara, proximadamente, 400 anos prestando serviços pesados ao faraó. Os egípcios obrigavam os israelitas ao trabalho, na preparação da argila, na fabricação de tijolos, nos campos, nas construções de obras públicas e toda espécie de trabalhos aos quais eram obrigados a fazer (Êxodo 1,13-14), tornando-lhes amarga a vida.

Israel não suportou o fato de ser comparado às categorias inferiores. Não suportou as humilhações, as pressões dos egípcios. Isso fez com que nascesse neles a saudade da vida em liberdade no deserto.

Como resposta aos seus clamores, Deus envia Moisés para libertá-los. Após sucesivas pragas, o faraó sede e deixa o povo sair do Egito para servir ao Senhor. A alegria era contagiante.Todo o povo festejou, salmodiou, louvou a libertação do jugo egípcio.

 
Não se podia sentir o deserto. A satisfação do povo era tamanha! A final de contas estavam livres da escravidão, dos chicotes, das amordaças, das ameaças, das imposições, mas não dos obstáculos, das aflições que haveriam de enfrentar ao longo da trajetória.

 
O Mar Vermelho foi o primeiro desafio! Quando o povo se deparou com as águas à sua frente, com montes por todos os lados e um grande exército egípcio em seu rastro o povo entrou em colapso. Perdeu as estribeiras! Mergulhou em grande desespero. Perdeu completamente a visão de Deus. Deixou-se levar pelas circunstâncias.


Vendo-se encurralado e pressionado pela perseguição dos egípcios, o povo se angustia e começa murmurar atribuindo a Deus a responsabilidade daquele momento.


O que o povo não sabia era que o Mar Vermelho apenas era uma ferramenta que Deus utilizara para provar a fé, a espiritualidade. É fácil cantar, celebrar quando as circunstâncias são propícias. Difícil é festejar quando tudo à nossa volta nos convida recuar; a abandonar nossas redes e desistir da caminhada.


Sob situações adversas o povo de Deus não funcionava. Não exercitava fé. Não conseguia olhar para frente. Não se atrevia a marchar, pois o medo inundava seus corações.


O Mar se abriu(...). O sol voltou a brilhar(...). As densas nuvens desapareceram(...). Israel canta, Israel marcha, Israel vibra. Israel se levanta do mar de amarguras.


Entertanto, nem tudo são flores! Enfrentar o deserto não era uma missão muito fácil. O povo começou bem a caminhada. Havia uma garra para enfrentar os desafios do deserto. No primeiro dia tiraram de letra. Ainda estavam motivados pelos últimos acontecimentos. No segundo dia as necessidades começam a imergir. O cansaço estréia, os calos nos pés passam a incomodar, as altas temperaturas a assolar, mas ainda o povo não desiste. Continua enfrentando com fé os obstáculos. No terceiro dia o calor torna-se insurportável, o corpo desfalecido, os pés inchados, a sede incontrolável, crianças chorando, animais morrendo. Mais uma vez o povo se deixa dominar por uma profunda amargura. Deus vai nos matar de sede! Ninguém aguenta esse deserto.Estamos cansados, exauridos, exaustos. Não conseguiremos dar mais um passo. Tá difícil suportar! Estamos no limite.


Três dias foram suficientes para o povo esquecer o que Deus havia feito. Espata-me como esquecemos rapidamente o que Deus já fez por nós. Deste modo, basta um novo deserto, uma nova dificuldade, para esquecermos o livramento que Deus nos proporcionou no deserto de ontem. O povo de Deus sofre da síndrome de Goodfield, ou seja, não conseguimos armazenar experiências recentes. Exemplo: Filme “Como se fosse a primeira vez”. No Salmo 103:2 encontramos a seguinte oração: “Bendize ó minha alma ao Senhor, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios”.


Tem momentos na vida que nos sentimos num profundo deserto. Sozinhos, vivendo o calor das circusntâncias, sofrendo a escassez, a falta de algo ou de alguém. No primeiro dia de desafio enfrentamos com garra – tudo parece superar/ ainda estamos motivados; No segundo dia damos os primeiros sinais de desfalecimento – surgem as dúvidas; as inquietações, a impaciência – tudo parece incomodar. No terceiro dia já estamos transtornados, incrédulos e maldizentes – tudo parece desabar.


Foi nesse contexto de amargura que o povo contemplou as águas de Mara. Nossos problemas estão resolvidos! Nossa sede achegou ao fim! Certamente asssim pensaram, mas infelizmente os problemas só estavam começando, pois AS AGUAS DE MARA ERAM AMARGAS.
Como é triste nutrirmos a certeza de que os nossos problemas estão terminando, quando na verdade estão apenas começando”.

As águas eram amargas... Imprópria para o consumo; estéries. Aqui nasce a decepção, a frustração, a desilução para muitos. Não é fácil esperar tanto e não receber o que se aguarda. Não é fácil alimentar expectativas e não ser correspondido. Não é fácil confiar e ser traído. Não é fácil amar e não ser amado.

Nos desertos da vida encontraremos muitas MARAS – amarguras, tristezas, mágoas e ressentimentos. O importante não é encontrar é saber superar:


1 – NÃO MURMURE
Encare o momento com espiritualidade! Não se entristeça ao ponto de perder Deus de vista. O deserto tem o tamanho da nossa boca. Aguarde a sua salvação e o  seu livramento em silêncio. Precisamos dominar a língua e aprender que a murmuração nos paralisa no deserto, mas o louvor e a gratidão pelos milagres na nossa vida nos leva a grandes conquistas.


2 – NÃO SE ENTREGUE
Não é o fim! Quem sabe é o início. Peça ao Senhor que renove as tuas forças. Não se deixe levar pelo momento. Confie na providência divina. Ele está te provando. “É impossível não passar pelo deserto da provação, mas é possível não deixar o deserto entrar no coração”.


3 – DESABAFE
1SM 1:10 - Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente.
Chore! alivie seu coração. O choro lava a alma, quebranta o espírito. A amargura é uma erva daninha que procura nos sufocar, uma raiz que sempre procura se alastrar em nossas vidas. Mas em nós não deve acumular-se muita "água de amargura", pois quando ela fica represada em nosso íntimo, Satanás prontamente estará a postos transformando essa amargura em rebelião e ira


Hb 12:15 - Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.

Efésiios 4.31 e 32: “ Longe de vós toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós, Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo”.

4 - CONFIE NA PROVISÃO DE DEUS
“Então, Moisés clamou ao Senhor, e o Senhor lhe mostrou uma árvore; lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces" (Êx 15.25).

"Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos" (Dt 8.2). "Para saber o que há no seu coração!", esse é o alvo mais profundo quando Ele conduz você por provações!

“Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar" (1 Co 10.13).

Deus pode transformar realidades por mais que elas se apresentem insolúveis e intransponíveis. Assim como um lenho foi lançado nas águas de mara e elas se tornaram doces, assim é Jesus na vida – tudo se torna doce, produtivo e abençoado e criatalino.


Com Cristo na vida o fel se transforma em mel; a água se transforma em vinho, a morte dá lugar à vida, a tempestade se reverte em bonança, o desespero abre alas para a fé, a tristeza se converte em alegria e até o mal se transforma em bem.

CONCLUSÃO: Que nessa noite você possa superar a amarguras da vida com paciência, persistência, determinação e confiança.










sábado, 27 de fevereiro de 2010

Tema: QUANDO DEUS QUEBRA NOSSAS EXPECTATIVAS

Tema: Jó 42.2

Ao longo da história Deus agiu de forma surpreendente. A maneira como ele operacionalizou seus milagres, sinais e prodígios quebraram e continuam quebrando toda e qualquer expectativa humana. Até porque é multiforme graça. É uma diversidade de operações, porém Deus continua sendo o mesmo, pois ele não muda. O que sofre modificações são as formas, as maneiras, os métodos de Deus em fazer cumprir a sua vontade em nossas vidas.

Nós seres humanos, limitados que somos, é que temos dificuldades de entender o agir divino. Nutrimos um mal hábitio no coração de condicionar o operar de Deus. Deus tem que agir mediante as nossas expectativas e planos traçados.

Entretanto, diz a Escritura que “muitos são os planos do coração do homem”. Passamos toda a vida planejando; arquitetando e sonhando com coisas que desejamos alcançar e muitas vezes vislumbramos as maneiras como podemos atingir esses alvos e só entendemos que os atingimos se as coisas acontecerem de acordo a maneira como idealizamos.

Daí, porque Deus muitas vezes está agindo e nós não percebemos. Deus está falando e nós estamos ouvindo; Deus está entre nós e não sentimos a sua presença. Tudo já está muito bem traçado em nós. A nossa mente já está cauterizada! Não conseguimos enxergar nada além do que desejamos ver.

E quando as coisas acontecem diferente do que idealizamos nos frustramos; nos decepcionamos; permitimos que venha ruir nossa esperança; lançamos por terra as probabilidades e deixamos de depositar crédito nas promessas que até então nutriam suas expectativas.

Quantos de nós já nos sentimos assim? Desiludidos; desesperançosos e até mesmo céticos em algumas circunstâncias? Só porque Deus não fez como queríamos! Se não aconteceu como planejamos atribuímos aos outros e muitas vezes o diabo, só porque resistimos a idéia de que Deus sabe o que faz. Você prevê, mas Deus provê! Seus planos são muitos, mas a resposta vem do Senhor.

A resposta não é sua! É de Deus. Quem sabe você não consegue entender o momento em que está vivendo; as dificuldades que está enfrentando; a dor que está sentindo; o fardo que está carregando; não era isso que você desejava. Quem sabe é o contrário de tudo o que você sonhou, projetou para sua vida.

Deus é assim! Quebra nossas expectativas; altera os meios, lança mão das contradições para nos mostrar que ele é o Senhor da história. Que dirige nossos passos; que sabe como e quando o melhor deve estrear em nossas vidas.

E nós, o que sabemos? Nada. Andamos com Deus e parece que não o conhecemos. Jó testemunhou isso bem de perto. Homem justo, reto, íntegro e que se deviava do mal. Nunca esperava que maus ventos soprassem contra sua casa. Tudo ia muito bem, até que tragédias assolaram sua família. Tudo ficou de repente de cabeça para baixo. Jó não entendia muito o que estava de fato acontecendo, mas acreditava que apesar de tudo Deus estava no controle.

Deus sacudiu completamente a vida de Jó. Quem sabe está sacudindo também a sua. Ventos contrários conspiram contra tua vida e contra tua prole. Vendavais, fornalhas, tempestades, desertos, vales, montanhas são apenas meios de Deus para trabalhar na tua vida. Apesar de tudo o que está acontecendo não esqueça VEJA DEUS!

Quem sabe meus planos estão sendo frustrados nessa hora, para que os planos de Deus se concretizem na minha vida. Foi assim com Naamã... Procurou o profeta esperando que o milagre acorresse de forma milagrosa, esplendorosa, gloriosa, mas o que ele encontrou foi um rio totalmente poluído. Disse Naamã: como pode... Tem tantos rios... Muitas vezes Deus se utiliza de coisas desprezíveis para operacionalizar o milagre em nossas vidas. Sua bênção pode estar num emaranhado de coisas que você considera banal, enquanto você espera desnecessariamente, o novo, o que está longe.

Outro texto que chama minha atenção foi a pesca maravilhosa. Os discípulos passaram toda a madrugada pescando e nada puderam alcançar. Estavam cansados, exaustos, decepcionados com a viagem tão mal sucedida, pois nenhum peixe conseguiu colher em suas redes. E Jesus, entrando no barco disse a Simão: Lançai as redes... Mas Mestre...

Às vezes lançamos tantas redes na vida tentando colher coisas que desejamos e quando as puxamos estão vazias. Sentimos-nos fracassados, cansados de tentar, desestimulados em voltar a tentar. Entregamos-nos ao caos. Mas Jesus te desafia hoje a quebrar tuas expectativas negativistas e pessimistas. Por mais que você tenha tentado e não tenha conseguido êxito, lave suas redes agora e as lançe no mar da vida. Lance as redes não confiando em teu conhecimento, em tua habilidade, mas lançe as redes confiando na providência divina, pois nessa noite Deus pode te surpreender!

Você pode colher o que nunca colheu antes, pois só Deus sabe onde estão os peixes. A pesca só pode ser proveitosa, se Deus permitir. Ele pode te conceder infinitamente mais, muito além do que pede ou imagina. CREIA! Tente novamente e deixe os resultados com Deus! Você terá a mesma sensação de Pedro quando se deparou com a grande pescada.. Senhor retíra-te de mim, porque sou pecador. Que a admiração de Deus se apodere do seu coração.

Outra narrativa bíblica que sou impelido a citar nessa noite para respaldar minha homilia de que Deus quebra nossas expectativas é a história de Gideão. Gideão estava diante de um grande desafio: vencer o grande exército dos midianistas. Não era uma fácil missão. Gideão precisava de muitos soldados, porém Deus muda as estratégias e resolve diminuir o seu exército. E eu fico pensando na reação de Gideão: Como Senhor... Isso é suicídio... É loucura... Seremos esmagados pelos inimigos. É assim que reagimos, muitas vezes, quando o adversário está à nossa frente. Só porque estamos em desvantagem achamos que somos fortes candidatos ao fracasso. Que vitória só se consegue com reforços; com pessoas nos cercando por todos os lados...

Olha meu irmão, numa peleja, seu papel é lutar; lutar incansavelmente. Mas a estratégia de guerra Deus te dará. Ele te mostrará que é possível vencer em desvantagem; que é possível vencer quando nossas forças desvanecem; que é possível vencer quando a nossa visão física e carnal nos mostra o contrário; que é possível vencer um grande exército, mesmo quando estivermos sozinhos. Não tenha medo; mantenha-se preparado, porque assim como o povo de Deus venceu os midianitas sem lutar, fica na paz, mesmo que você não entenda, Deus lutará por ti. Deixe de lado tuas estratégias e abraçe o que Deus tem preparado para a tua vida.

Deus não quer te confundir, apenas quer te mostrar que ele sabe os caminhos que você deve percorrer. Confie em Deus e não te surpreenda se Deus mudar teus planos. É para teu bem; para tua exclusiva edificação. E não se esqueça: Ele transforma o mal em bem.

Ele transforma realidades! Muda o curso da história; inclina o coração do rei; move montanhas para que os seus planos se cumpram em nossas vidas. Não adianta querer condicionar Deus ao nosso universo estritamente limitado. Deus está acima de nós. Ele não nos deve explicação dos seus atos.

Abra seus olhos espirituais! O agir é de Deus! A metodologia é dinâmica, criativa. Moisés chegou abafando na presença de faraó, fazendo milagres, a fim de que libertasse o povo e simplesmente, os magos e encantadores fizeram os mesmos sinais. Moisés ficou arrasado! Esperava que o faraó fosse intimidado e libertasse o povo imediatamente. Mas isso não aconteceu!

Conclusão:
Às vezes esperamos que as coisas aconteçam num piscar de olhos, num estalar de dedos, só porque oramos e vivemos na palavra. E nos decepcionamos... É bom lembrar que as coisas só acontecem em tempo oportuno. Tudo é bom ao seu tempo. Moisés não entendia que toda a sua caminhada para o Egito tinha como objetivo a glorificação do seu nome entre os povos.
A tua espera, a protelação da bênção servirá para teu amadurecimento e para a glorificação daqueles que vivem ao teu redor. “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele e o mais ele fará”.